A procura de acompanhamento psicológico para a compreensão e tratamento dos ataques de pânico tem vindo a aumentar nos últimos anos.
Sensibilizar e instruir sobre o tema torna-se essencial para minimizar o sofrimento que estes ataques provocam. De modo a que cada um de nós, enquanto líderes ou enquanto colegas, possamos ter um papel proativo e decisivo, temos de:
- Saber o que é um ataque de pânico,
- Identificar os principais sintomas,
- Saber realizar os primeiros socorros psicológicos.
O que é um Ataque de Pânico?
O ataque de pânico caracteriza-se por um período breve de ansiedade intensa, medo e desconforto, acompanhado por sintomas somáticos e/ou cognitivos. Estes acarretam um intenso sofrimento devido ao medo da ocorrência de novos ataques. A frequência e a gravidade dos sintomas variam, podendo ocorrer diariamente de forma ligeira ou intensa, uma vez por semana, duas vezes por mês, havendo períodos sem qualquer sintoma, no entanto é necessário mais de um ataque de pânico completo e inesperado para o diagnóstico de perturbação de pânico. As crises podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 5 a 20 minutos.
Quais os sintomas de alerta para um Ataque de Pânico?
Devemos observar pelo menos quatro dos seguintes sintomas:
- Aceleração dos batimentos cardíacos e da respiração
- Falta de ar
- Pressão ou dor no peito
- Palidez
- Suor frio
- Tonturas ou desmaio
- Náusea, vómitos ou diarreia
- Fraqueza nas pernas
- Formigueiros
- Tremores
- Transpiração excessiva
- Sensação de estar “fora do corpo”
- Medo de morrer ou de perder o controlo
Por serem semelhantes a outras situações clínicas, estes sintomas levam a que as pessoas procurem as emergências médicas em busca de causas orgânicas que expliquem os seus sintomas.
Como prestar os Primeiros Socorros Psicológicos?
Os Primeiros Socorros Psicológicos são uma resposta de suporte às pessoas em situação de sofrimento e com necessidade de apoio. Estes podem ser realizados por qualquer pessoa que se disponibilize e esteja em condições psicológicas e físicas para auxiliar, desde que tenha orientações básicas.
Deixo aqui algumas indicações de intervenções, mas será sempre aconselhado a disponibilizarem a toda a equipa uma pequena formação/workshop de primeiros socorros psicológicos.
- Transmitir segurança – Ajudar a pessoa a sentir-se segura é prioritário nestas situações. Questione por exemplo, se a pessoa prefere ir até um espaço exterior ou para uma sala com menos ruído. No fundo é perceber, quais são as suas necessidades imediatas.
- Acalmar – Lembre-se que agir com calma ajuda a transmiti-la. Existem técnicas que permitem diminuir os sintomas, tais como, a respiração: peça para a pessoa respirar de forma mais lenta e profunda e introduza uma contagem para a inspiração e expiração. Pode também promover a atenção para estímulos exteriores, mudar o foco ajuda a desviar a atenção dos sintomas físicos e consecutivamente ajuda a tranquilizar.
- Conexão – É importante ajudar a fazer as conexões necessárias com a rede de suporte, seja a ligar para familiares e amigos, pessoas de confiança, ou se for o caso, um profissional que a esteja a acompanhar.
- Autoeficácia – Numa situação de crise, as pessoas sentem-se vulneráveis. Devemos incentivar e promover a autonomia e a autoeficácia, ajudando as pessoas a usar as suas competências.
- Esperança – Ajude a pessoa a envolver-se com proatividade em atividades construtivas e promova expectativas positivas quanto ao que vai acontecer no futuro.
Lembre-se que o objetivo principal é ajudar a pessoa a estabilizar, por isso, não se devem fazer demasiadas perguntas nem explorar o que desencadeou os sintomas. Se a pessoa quiser partilhar, escute-a com atenção, sem interrupções e julgamentos.
A perturbação de pânico está associada a níveis altos de incapacidade social, profissional e física com custos económicos consideráveis. Conhecer os primeiros socorros psicológicos ajuda a minimizar o impacto dos sintomas, contudo torna-se fulcral a procura de ajuda especializada para o tratamento, quando os ataques de pânico são frequentes e incapacitantes.